domingo, 17 de abril de 2016

[Espaço Psy] Porquê a importância do ensino artístico nas escolas?

                                                      Texto: Pedro Taborda

Mestre em Psicologia Educacional e da Orientação pela Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa.


O papel do ensino artístico tem sido debatido, ainda que em surdina, em Portugal ao longo do tempo. Com os diversos governos e políticas implementadas temos vindo a observar uma oscilação na postura adotada face ao ensino artístico. 

Do ponto de vista da psicologia importa salientar que vários autores sublinham a importância do papel que a aprendizagem da arte pode ter no desenvolvimento dos alunos. 

É também relevante afirmar que o desenvolvimento cognitivo é importante, mas não é só a partir dele que se potencializa a formação de jovens e adultos capazes de enfrentar os problemas que os esperam. 

De acordo com as várias contribuições científicas que têm sido feitas  podemos dizer que a aprendizagem da arte tem demonstrado ser uma forte aliada no desenvolvimento de aspetos como a perceção visual, da empatia e da formação de indivíduos com maior sentido crítico. Isto é, incluir a formação artística,  atenta à evolução dos alunos e com um crescente grau de exigência é contribuir para uma cultura educacional focada na formação completa dos jovens. 

E é pertinente dizer que criar um sistema de ensino (desde o básico ao secundário) com uma forte componente artística presente e creditada é criar condições para uma formação mais completa, mais envolvente e mais capaz. 

Ao longo do tempo as políticas educativas têm sido alvo de um debate, na sua essência, ideológico e politizado. Ideológico porque muitas vezes assistimos a um debate de confronto entre a tradicional visão da esquerda e da direita; politizado porque olha a dogmas partidários e ideias pré-concebidas. O bom é que a cultura e o ensino não são nem da direita nem da esquerda. Afirmar que algo é mais do um do que outro seria cair em ditadura educativa e ideológica. 

Questões políticas à parte a única linha orientadora que devemos seguir é esta e apenas esta: dados que sustentam as teorias educativas mais relevantes. E dados não só estatístiscos mas empíricos, que nos permitam ajustar as nossas regulamentações educacionais num principio de rigor e necessidade.

Sabemos que muitas vezes, por questões de contenção orçamental, existem áreas que sofrem cortes e reestruturações. E muito recentemente temos ouvido dizer que a política é a arte do possível. Mas antes de analisarmos se estas posturas são de facto as mais corretas convém termos em mente o papel que o sistema educativo deve ter nos dias de hoje. 

Sem dúvida que ninguém ousaria afirmar que a política educativa deve ser delegada para um lugar menor em qualquer governo, instituição ou até país. Mas, de facto, observamos que certas valências do ensino acabam por o ser. E a educação artística é exemplo disso. 


Tendo em conta as vantagens de uma educação artística mais frequente e de uma cultura e clima escolares, porque continuamos nós a achar que falamos de uma área curricular menor? 

pedromtaborda@gmail.com

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